AMPM | Edição 12
Vídeos. Youtube. Iphone. Estilo. Soul. Funk. Loop. Campari. Sedução. Baile. Anthony Bourdain. Cobain. Black Flag. Papo Furado. Neblina. Espionagem. Lual de dia. Peruca. Pandemia. Etarismo. Perturbação
Esta é a 12ª edição da newsletter “As Melhores Playlists do Mundo”. Prioritariamente, uma seleção de canções, livre e pretensiosa, sobre tema determinado. Mas é também sobre tudo, como música.
Em caráter não tão extraordinário, já que é a segunda vez, deixo de lado a fabricação de playlists para indicar alguns ótimos vídeos musicais. Ninguém aqui vai deixar sob responsabilidade da Inteligência Artificial algo tão importante como escolher o que se vai ouvir ou assistir, não é mesmo? Tivemos a parte 1, agora vamos com a parte 2!
#5 | Vídeos no Youtube para você ganhar a noite (ou o dia) curtindo um som - Parte 2
#1 | Khruangbin no Pitchfork Live
O grupo de nome impronunciável e estilo inimitável em performance recheada de psicodelia. Sem contar o forte apelo estético, num duelo entre a peruca do guitarrista Mark Speer e a estonteante baixista Laura Lee. Os texanos fazem um som que transita entre o soul, o dub e o rock, bastante adequado para deixar em segundo plano enquanto você entabula um bate papo descontraído, conta as “experiências” que teve na Europa, entre bebericos y conosquinhos.
#2 | Surprise Chef no Small Time TV
Quatro australianos com formação acadêmica em música que utilizam a erudição para espalhar o bem: um punhado de temas com jeitão de trilha sonora do pianista argentino Lalo Schifrin, daqueles filmes de espionagem dos anos 60 e 70 rodados na neblínea San Francisco. Uma viagem instrumental jazz-funk se você estiver no espírito de tomar um Campari bem pegado e tirar uma chinfra pesada.
#3 | Feng Suave no The Great Wide Open
O nome da representação holandesa não ajuda muito, ou até mesmo, prejudica. Mas a música é excelente, um indie pop manso, com aspirações soul, gostoso demais, fica ótimo numa sala bem decorada. E o cenário é deslumbrante: uma praia numa ilha dos Países Baixos, deserta, o tipo de lual, embora de dia, que você gostaria de encontrar no alvorecer de uma nova temporada.
#4 | Lee Fields na KEPX
Sou fã empertigado do velho Lifa, um soulman de 73 anos que foi ganhar prestígio e fama já em idade provecta, na esteira do movimento chamado Neo Soul. Sempre muitíssimo bem acompanhado, normalmente pelo conjunto The Expressions, do sensacional produtor Leon Michels, nosso estimado Elmer Lee Fields, o vovô-garoto da Carolina do Norte, esparrama quase meia hora de baile para corações sensíveis, como o meu e o seu, no excelente programa da rádio KEPX, de Seattle. E o blazer da fera? Esculacho de moda.
#5 | Marc Rebillet em casa
Chegaram a afirmar, e houve quem acreditou, que sairíamos melhores da pandemia. Bem, cada um tire as próprias conclusões. As terríveis lives no Youtube, ao longo da emergência sanitária, ao menos, nos apresentaram algumas, poucas, figuras interessantes: como um bigodudo de olhos esbugalhados, texano filho de uma americana com um francês. O autoapelidado Loop Daddy é um entertainer desde que surgiu numa reportagem de TV como a primeira pessoa na fila para comprar um telefone que prometia revolucionar o mundo, batizado Iphone. Posição privilegiada que o jovem Marc vendeu por US$ 800 antes de a loja abrir. Parecia só uma nova traquitana tecnológica, ninguém imaginava que, logo, estaríamos viciados em assistir vídeos patéticos de pessoas que não conhecemos. Mas, voltando, Rebillet é uma usina de soul, funk, música eletrônica, tudo disparado de uma gama de apetrechos montados num pequeno apartamento no Brooklyn.
Q Q TEM DE BOM
Dicas culturais (ou nem tanto) de alguma coisa boa perdida na via láctea do streaming
Miserável no Paraíso - A vida de Anthony Bourdain | Charles Leerhsen
Virei um bourdanista tardio, já quando o chef americano havia concluído a transição de cult para mainstream. Fui tragado pelo incensado livro de estreia do galalau novaiorquino, “Kitchen Confidencial”, muito apropriadamente traduzido para “Cozinha Confidencial” em português. Em 314 páginas, um painel consistente da vida, obra e malandragens de Bourdain, trajetória que teve epílogo, dramático, mas muito chique, num quarto do interior da França.
FOI TOP
Qualquer coisa que pode ter sido legal. Afinal, você sabe, a vida é feita de “experiências”
Black Flag em Curitiba
Pode parecer só um tiozinho alisando a guitarra parecendo um lagarto de Galápagos banhado em heroína. Mas, acredite, não fosse por ele, Gregory Regis Ginn, aka Greg Ginn, não existiria Kurt Cobain, cena de Seattle, Grunge, possivelmente você teria demorado bem mais pra tomar o primeiro porre, dar o primeiro peguinha e o primeiro beijo, não necessariamente nesta ordem. Foram os riffs demenciais deste americano de Tucson, 69 anos, que explodiram a mente (em sentido figurado) de um guri loirinho de 17 anos no Montaineer Club, em 84, e o empurraram para a gestação de um som, pop e pesado, que mudaria o mundo mais tarde numa revolução liderada por um conjunto batizado Nirvana. O Black Flag, só com Ginn da formação clássica, sem Henry Rollins, outro ícone da cena alternativa mundial, tocou em Curitiba e, mesmo tanto tempo depois, deu pra sentir como o disco “My War”, que ancora a turnê pelo país, ainda pode ser bem perturbador.
Se por algum motivo você chegou aqui sem conhecer o princípio da newsletter, fundada em playlists, seguem sugestões de leitura: