CORRA! Dez músicas que, se tocarem, é a hora de...

Em churrasco, reuniãozinha de amigos, festinha, casa de praia, ao soar qualquer uma dessas canções, pode ter certeza, uma torrente de constrangimento se avizinha. Estratégia

Sebastião Rodrigues Maia, aka Tião Marmiteiro, também conhecido como O Síndico, ou, até mesmo, Tim Maia, elaborou vários códigos ao longo de sua atribulada passagem pelo plano material. Senhas úteis para as mais singulares circunstâncias e, você sabe, nosso Rei do Soul era o mestre em se meter em circunstâncias.

“Garrastazu”, sobrenome do presidente da ditadura militar brasileira Emilio Médici, foi cifra instituída por Dom Maia para pesquisar, ver se alguém indicava, onde tinha um “mocó pra queimar unzinho”. Por sua vez, nosso original gangsta anunciava “estratégia” ao perceber que o contratante do show não cumpriria o combinado, e era o momento de o conjunto ensacar os instrumentos e: vazar.

Fica a sugestão, então, para que você adote “estratégia” como recurso de emergência quando algumas das músicas listadas abaixo começar a tocar. Pode ter certeza, seja em churrasco, reuniãozinha de amigos ou uma festinha qualquer, ao soar qualquer uma delas nos alto-falantes, você tem poucos segundos para escapar de uma torrente de constrangimento que se avizinha.

Disclaimer

Militando no jornalismo esportivo por duas décadas, descobri que, tanto quanto quanto falar sobre o time do coração das pessoas, confrontar o gosto musical dos outros pode ser encarado como ofensa mortal. Portanto, relaxe e não se leve a sério. Veja só, eu mesmo gosto de todos os conjuntos abaixo, exceto uma meia dúzia, pelo menos.

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#2 - Dez músicas que se tocarem numa festa, num churrasco, numa reuniãozinha de amigos, é hora de aplicar um “estratégia” e sair correndo

O link para a playlist vai logo na sequência.

#1 | Evidências - Chitãozinho & Xororó

Pessoas considerarem a canção popularizada nas vozes dos gente-finas José Lima Sobrinho, aka Chitãozinho, e Durval de Lima, aka Xororó, uma espécie de hino informal do Brasil, mostra a grave situação a que o país foi submetido nas últimas décadas. E o Bruno Mars ter cantado no The Town confirma a tese. Estratégia.

#2 | Sunday Bloody Sunday - U2

Alguém no estilo do Luciano Huck, ou do Boça, imediatamente vai começar um air drums simulando o indefectível trabalho de Larry Mullen Jr na abertura. É a hora de procurar algum cachorro-quente ainda aberto pois é imensa a chance de o papo descambar para “bons tempos da música engajada”. Estratégia.

Observados pela Madre Tereza de Calcutá, Dalai Lama, Gandhi e Bono Vox trocam afetos: é fake, mas poderia não ser.

#3 | Todo Carnaval Tem Seu Fim - Los Hermanos

O grupo carioca ficou conhecido por reunir uma legião de fãs fortemente emocionada e capaz de suplantar o volume das músicas nos shows cantando a plenos pulmões. É o tipo de gente que, pra quem tem mais de 30 anos, é melhor manter certa distância. Como, aliás, os próprios integrantes da banda decidiram fazer. Estratégia.

#4 | Jeremy - Pearl Jam

Ninguém vai ter coragem de tocar numa festa uma música sobre o suicídio de um garoto de 15 anos em sala de aula. Mas, naquele lance de rodar o celular, na casa de praia, pra que todo mundo sinta-se prestigiado por escolher a próxima, pode acontecer. Vai se inaugurar um muro de lamentações com os quarentões lembrando quando frequentavam a noite, se aproximavam das mulheres, tinham cabelo (até comprido), e a “música era muito melhor”. Estratégia.

#5 | Que país é este - Legião Urbana

O hino punk composto pelos playboyzinhos de Brasília sobre as “mazelas do Brasil” tornou-se o maior hit de “protesto” da música nacional, trilha para indignação de tamanha grandeza que ninguém sabe mais para que lado vai. Tudo pode acontecer. Saia de perto assim que começar o riff copiado, quer dizer, inspirado em “I Dont’ Care”, dos Ramones. Estratégia.

#6 | Creep - Radiohead

Se alguém selecionar o primeiro hit do incensado agrupamento inglês no evento soa o alarme de que o baixo-astral vai tomar conta e em algum momento vão te perguntar se você já fez ou faz terapia. “É bom pra todo mundo”. Estratégia.

#7 | She Loves You - The Beatles

Eu tenho uma profunda rejeição aos tempos Banda de Grilo do quarteto inglês liderado pela Yoko Ono e poderia escolher diversas músicas da primeira fase. E você sabe, quando se abre a caixa de pandora da beatlemania, logo alguém vai querer saber qual seu integrante preferido. Estratégia.

“Sorriam se não vai parecer que vocês se odeiam”.

#8 | Comfortably Numb - Pink Floyd

Se alguém colocou Pink Floyd fora do fone de ouvido, numa situação com várias pessoas envolvidas, é porque a coisa fugiu completamente do controle. “Hello, Is there anybody in there?”. Estratégia.

#9 | Born to be Wild - Steppenwolf

Vai ser a música que vai destravar a fase “vibe de roqueiro” do evento e, me diga, tem algo mais constrangedor do que posar pra foto fazendo sinal de “chifrinhos” com a mão? Vai tocar a campainha, você vai abrir a porta e vai ter uma harleyciata de vovôs e vovós de bandana lá fora. Estratégia.

#10 | Que Se Chama Amor - Só Pra Contrariar

A virada dos anos 80 para os 90 foi quando o pagode saiu de perto da tamarineira, que com sua sombra, mais a cerveja gelada, aplacava o forte calor de Ramos, e foi parar em São Paulo. Aí deu no que deu. Estratégia.

HORS CONCOURS

Stairway to Heaven - Led Zeppelin

Pessoas de diversas matizes, provocadas pelo autor da newsletter, indicaram o clássico do conjunto inglês para compor a lista, por algum motivo específico, ou mesmo por várias razões indeterminadas. Obra de Page e Plant que dura duas semanas e num site que se propôs a explicar sobre, afinal, do quê se trata a letra, o texto começa com “vamos dividir em sete partes, pra facilitar a compreensão”. Então tá.

Robert Plant, o vocalista mais gato da história do rock mas que também tinha muito a dizer.

O link para a playlist no Spotify está também AQUI.

Eu fiz a playlist no Deezer, e para ouvi-la é só clicar AQUI.

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