AMPM | Edição 16: Um conceito bem esquisito
Disco. Pista, Bolo. Gay. Publicitário. Boca sem dente. Woodstock. Rolling Stones. Funk. Sorine. Suecos ultra-liberais. Radiohead. Reggae. Rei da guitarra. Irmãos Coen. Mike Patton. Bee Gees. Piada
Esta é a 16ª edição da newsletter “As Melhores Playlists do Mundo”. Prioritariamente, uma seleção de canções, livre e pretensiosa, sobre tema determinado. Mas é também sobre tudo, como música. Desta vez, uma publicação diferente.
“Covers que são melhores que a música original” é um conceito bastante controverso no debate público. Afinal, é justa tal consideração? É feio falar isso? Qual seria o maior valor, a criação? Ou, ao menos em tese, o aperfeiçoamento? Não tenho nenhuma resposta para as perguntas acima.
Assim, na companhia do sempre libertador e honesto “não sei”, catalogo logo abaixo canções para alimentar esta tão fascinante quanto dispensável discussão. Você concorda com o elenco? Discorda? Pouco importa, já tem gente demais dando opinião por aí, não é mesmo?
#16 | Covers (em tese) melhores que as músicas originais
#1 | I Will Survive - Cake
É bom começar já afirmando, com muita energia e convicção, algo absolutamente contestável. Aliás, é essa a dinâmica das redes sociais e dos textos de opinião na internet, não é mesmo? Perece imbatível o torpedo disco de Gloria Gaynor, que faz seu tio insinuar na pista de dança aquilo que ele nunca teve coragem de contar pra sua tia. Mas o Cake, a banda número 1 dos publicitários nos anos 2000 (apesar disso, eu adoro), conseguiu superar. Não é pra concordar, é só pra aceitar.
#2 | Paint and Black - Eric Burdon & War
O ponta de lança do The Animals uniu-se a um grupo de funkeiros cascudos e deu-se uma das mais entusiasmantes parcerias de todos os tempos, como as do Ozzy Osborne com a Piggy dos Muppets e da Narcisa Tamborindeguy com qualquer outra pessoa. O classicaço dos Roling Stones ganha uma nova dimensão, vai num crescendo, e quando você já rasgou as roupas e está bebendo direto no bico da garrafa, tem ainda uma segunda parte que é um esculacho: entra um solo daquela FLAUTA BOLIVIANA MALUCA, acompanhado do coringa dos coros, puxado na base do “pa pa pa”. Emociona.
#3 | Hotel California - Gipsy Kings
Você deve saber que o agrupamento cigano não viveu apenas de “djobi, djoba” e o cover do conjunto The Eagles (“Os Águias”, na tradução) é um exemplo (não tem muitos outros). Aquela sapecada gostosa no violão que, veja, ainda virou trilha de uma das melhores cenas da história do cinema: a apresentação de Jesus Quintana, o libidinoso bowler interpretado de forma esfuziante por John Turturro em “The Big Lebowski”, um dos melhores filmes de todos os tempos na minha bastante discutível avaliação.
#4 | All Along the Watchtower - Jimi Hendrix
Todo mundo reconhece a importância fundamental do Bob Dylan. Agora, é acachapante a transformação na versão do Jimi. Da puxada no violão cantada por alguém que podia ter aplicado um Sorine antes da gravação, atinge-se OTO PATAMÁ, como diria o Bruno Henrique. Um clássico que ainda nos faz lembrar de uma das vinhetas da Estação Primeira, rádio de Curitiba.
#5 | Here Comes The Sun - Richie Havens
Eu sou totalmente contra várias músicas dos Beatles, especialmente “Hey Jude”. Se toca, me estraga o dia. “Here Comes The Sun” é outra, mas, a versão do bom Havens, que infelizmente não vai poder ler essa newsletter, consegue salvar. Você deveria conhecer o cantor folk que escandalizou o planeta no Woodstock, munido apenas de seu violão e uma pegada na mão direita capaz de mandar pra lona o Mike Tyson.
E mais 5:
#6 | I Started a Joke - Faith no More
#7 | Higher Ground - Red Hot Chili Peppers
#8 | Killing Me Softly with his Song - Fuggees
#9 | Iron Man - Cardigans
#10 | Karma Police - Easy Star All-Stars